23 de out. de 2012

Pielonefrite



A infecção dos rins acontece de duas maneiras. A principal via é a ascendente, quando bactérias da bexiga alcançam os ureteres e conseguem subir até os rins. Isto ocorre normalmente nas cistites não tratadas ou nos casos de colonização assintomática da bexiga por bactérias. Nem todas as pessoas relatam sintomas de cistite antes do surgimento da pielonefrite.




O segundo modo de infecção dos rins é pelo sangue, quando a bactéria em algum local do corpo, com nos casos de infecção da pele, viaja pela corrente sanguínea e se aloja no rim. Este tipo é bem menos frequente do que pela via ascendente.

A pielonefrite é um caso potencialmente grave, já que estamos falando da infecção de um órgão vital. É um quadro que pode ter gravidade semelhante a uma pneumonia. Se não tratado a tempo e corretamente, pode levar a sepse e morte.



Infecção urinária
Além da cistite, que é o principal fator de risco, existem outros fatores que facilitam a infecção dos rins. Podemos citar o uso de cateteres vesicais (algália), cirurgias urológicas, anormalidades anatômicas do trato urinário e doenças da próstata que causam obstrução do fluxo da urina.

O diagnóstico da pielonefrite é feito através dos sinais e sintomas clínicos e dos exames de sangue e urina. Através da cultura de urina (urocultura) é possível identificar a bactéria responsável pela infecção e indicar o melhor antibiótico.

Não se deve pedir exames de urina para procurar bactérias se não houver sintomas de infecção urinária.

A presença de bactéria na urina é chamada de bacteriúria e não significa necessariamente alguma doença. Temos bactérias que colonizam várias partes do nosso corpo como boca, pele e intestino e não causam doença. O mais comum é termos uma urina estéril, ou seja, sem bactérias, porém, a simples presença destas, sem sintomas, não faz diagnóstico de infecção.

Não há como saber de antemão quais pessoas com bactéria na urina vão desenvolver cistite ou pielonefrite. Como a recolonização é muito comum, se formos tratar com antibióticos toda vez que houver bactérias na urina, estaremos facilitando o desenvolvimento de bactérias resistentes.

Portanto, NÃO SE TRATA BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA, uma vez que a mesma não indica doença. O correto é tratar o paciente e não um resultado laboratorial.

Existem 3 exceções a esta regra, onde a bacteriúria assintomática está associada a um maior risco de pielonefrite:

- Mulheres grávidas: A presença de bactérias nas uroculturas aumenta o risco de pielonefrite, parto prematuro e recém-nascidos com baixo peso.

- Antes de procedimentos urológicos: Pacientes que serão submetidos a cirurgias ou procedimentos urológicos, devem tratar sua bacteriúria, uma vez que esta conduta reduz o risco de bacteremia e sepse pós-operatória.

- Pacientes imunossuprimidos.

Sintomas da pielonefrite

Os sintomas típicos da pielonefrite são febre, dor lombar, náuseas e vômitos. Podem haver também sintomas de cistite como dor ao urinar e vontade de ir ao banheiro com frequência, mesmo quando a bexiga está vazia. Outro sinal comum é a presença de sangue na urina (hematúria), que se apresenta normalmente como uma urina cor de Coca-Cola.

A pielonefrite é clinicamente dividida em 3 categorias:

- Pielonefrite aguda não complicada
- Pielonefrite aguda complicada
- Pielonefrite crônica

1) Pielonefrite aguda não complicada

Ocorre normalmente em mulheres jovens, sem antecedentes de doenças ou alterações na anatomia urológica.

O quadro clínico é de febre alta, calafrios, náuseas, vômitos e dor lombar. Os sintomas de cistite como ardência ao urinar podem ou não estar presentes.

Assim como nas cistites, a principal bactéria causadora de pielonefrite é a Escherichia coli.

Só há necessidade de internação em casos mais graves. Se o paciente tiver bom estado geral e for capaz de tomar antibióticos por via oral, o tratamento pode ser feito em casa.

2) Pielonefrite aguda complicada

A pielonefrite complicada é aquela que evolui com abscesso renal ou peri-renal, ou ainda necrose da papila renal.

Normalmente ocorre em pessoas com obstrução do trato urinário, bactérias resistentes aos antibióticos e em diabéticos.

O quadro clínico é igual ao da pielonefrite não complicada, porém apresenta pouca resposta aos antibióticos. Outra possibilidade é uma resposta apenas parcial com melhora do quadro mas com fadiga, mal estar e náuseas que duram por vários dias.

Pielonefrite que não melhora após antibioticoterapia apropriada deve ser estudadas com exames de imagens como tomografia computadorizada e ultra-som (ecografia).

3) Pielonefrite crônica

A pielonefrite crônica é um quadro de infecção urinária recorrente associada a má-formações urinárias, obstruções por cálculo renal ou refluxo vesico-ureteral (refluxo da urina da bexiga de volta para o ureter e rins). Costuma levar a insuficiência renal crônica, principalmente em crianças com refluxo urinário.

Qualquer quadro de infecção urinária deve ser sempre tratado com antibióticos. Medicamentos ditos "naturais" podem proporcionar alívio temporário, porém, apenas postergam o tratamento correto do problema.

Complicações da pielonefrite

Como já referido, se a pielonefrite não for tratada corretamente com antibióticos, existe um risco grande de evolução para sepse grave e óbito.

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